sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

Felicidade...

O nosso mundo não tolera a felicidade. Mas quer nos vender a idéia de felicidade. A idéia de que felicidade é alegria, riso, excitação. Por que essas coisas podem ser vendidas, trocadas e compradas. - não diretamente, óbvio, mas através das mercadorias dirigidas aos nossos sentidos...Se algo não puder ser vendido, trocado e nem comprado, está fora do horizonte de satisfação dessa civilização. Seria difícil vender a idéia de que a coca-cola ou a cerveja traz a felicidade...Mas, em compensação, podemos associar todo o tipo de alegria histriônica regada à litros de cerveja, e podemos até lembrar de bons momentos da vida  nos quais a coca-cola ou uma cerveja  ou um vinho foi um acompanhamento insubstituível...

E é a mesma coisa com esses nossos aparelhinos carregados de tecnologia, celulares, mp3, mp4, mp5, mp6, mp7, notebooks, televisões, carros...Com as roupas que compramos, com as pessoas, empregos e dinheiro que desejamos...Com os amores alugados e nem sempre à dinheiro...Então sabemos perfeitamente que essas coisas não trazem felicidade. Mas, infelizmente, ou dito melhor, para nossa infelicidade , elas nos divertem e, se bem que a felicidade tenha alguma coisa a ver com diversão, a diversão, por si e em si só, é um obstáculo à felicidade, à sensação de satisfação jocosa permanente...

Por que vender uma sensação de alegria permanente só faz sentido num terrível mundo de insatisfação permanente e a nossa civilização, apesar de todas as aparências, é uma gigantesca indústria de insatisfação.  

Insatisfação com "felicidade" escrita no rótulo...E a diversão, que significa levar para longe, é a nossa tentativa desesperada de conseguir satisfação...Ela diverte mesmo! E nos leva para longe da plenitude do instante...

Mas se essa indústria produzisse satisfação como é que os lucros seriam gerados? 

Talvez fosse muito bom se nós nos libertássemos do rótulo e provássemos de uma felicidade sem nome!

Não é à toa que no barco onde Florentino Ariza e Fermina Dasa finalmente se entregam ao amor, no romance de Gabriel Garcia Marques, se hasteia não uma bandeira onde está escrita a palavra Felicidade, mas uma bandeira anunciando o cólera...

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