quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Travessa Violeta Câmara

Quando eu era pequeno,

em Quixeramobim,
eu andava pelas ruas e ficava observando os nomes.
Os nomes das ruas pareciam antigos,
imemoriais.
Nomes de um tempo perdido e que ninguém mais se lembrava.

Por isso, quando eu era pequeno,
nunca perguntei,
se alguém conhecia alguém que era nome de rua.

E hoje tropecei com uma rua com um nome diferente.
Um nome tão familiar que me assustei.
Me assustei com aquele espanto que deve ter dado início à filosofia.
Vi o nome de minha mãe na placa...
Travessa Violeta Câmara

Me senti subitamente pequeno,
como quando eu era pequeno.
E me senti pequeno e velho...
E velho em demasia.

Estou tão velho
que me lembro das pessoas que hoje estão nas placas das ruas...
E não só de minha mãe.

Atravesso a Travessa Violeta Câmara com ela, em mim,
pequena e gorda,
sob o mesmo sol que nos viu passar
num tempo que parece séculos distante,
quando as ruas eram dominadas pelos cavalos,
quando ela era grande e gorda
e eu pegava na sua mão,
ínfimo e sem lembranças.

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

O céu

Céu continua a me chamar.
E à noite....
Não sei por que.
Em Puyguilhem o vi o mesmo céu
de Quixeramobim,
com a grande constelação de escorpião nascendo no horizonte.
Estranhas noites de verão,
últimas noites.
Alguém passeia comigo na varanda da igreja
E o vento me murmura conversas velhas
mas cheias de energia.
Parece que é mesmo céu da África do Sul,
diz o meu amigo que veio de lá.
Eu vim de lá também, de algum modo.
Não sou daqui...
Ou apenas imagino coisas para me divertir?
Viajo muito,
e antes de viajar mesmo (não se quando).
O céu , as estrelas e as companhias agradáveis...
bem, não sei como completar essa frase.

quarta-feira, 17 de março de 2010

Primavera

A primavera chegou
e com ela uma gastrite...
os novos tempos não são mais novos...
e já não é mais a primeira primavera.

os passarinhos começam a retornar
mas muitas folhas e flores ainda esperam por dias mais quentes...

ontem olhei pro céu de novo
e era o mesmo céu do inverno.
ou eram apenas velhos sentimentos?