quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Travessa Violeta Câmara

Quando eu era pequeno,

em Quixeramobim,
eu andava pelas ruas e ficava observando os nomes.
Os nomes das ruas pareciam antigos,
imemoriais.
Nomes de um tempo perdido e que ninguém mais se lembrava.

Por isso, quando eu era pequeno,
nunca perguntei,
se alguém conhecia alguém que era nome de rua.

E hoje tropecei com uma rua com um nome diferente.
Um nome tão familiar que me assustei.
Me assustei com aquele espanto que deve ter dado início à filosofia.
Vi o nome de minha mãe na placa...
Travessa Violeta Câmara

Me senti subitamente pequeno,
como quando eu era pequeno.
E me senti pequeno e velho...
E velho em demasia.

Estou tão velho
que me lembro das pessoas que hoje estão nas placas das ruas...
E não só de minha mãe.

Atravesso a Travessa Violeta Câmara com ela, em mim,
pequena e gorda,
sob o mesmo sol que nos viu passar
num tempo que parece séculos distante,
quando as ruas eram dominadas pelos cavalos,
quando ela era grande e gorda
e eu pegava na sua mão,
ínfimo e sem lembranças.